A otite é uma condição comum em cães da raça Labrador que, devido às suas características anatômicas e comportamentais, está particularmente predisposta a desenvolver inflamações no canal auditivo. A labrador otite não é apenas uma questão desconfortável para o animal, mas envolve riscos importantes para a integridade auditiva e o bem-estar geral do cão. Conhecer profundamente a anatomia auricular canina, as causas específicas que provocam a otite nessa raça, assim como seus sinais clínicos, métodos diagnósticos e tratamentos adequados, é fundamental para que tutores possam agir precocemente e com segurança — sempre sob a orientação e supervisão de um médico veterinário experiente.
A otite corresponde à inflamação do canal auditivo externo, médio ou interno, podendo causar dor, prurido e, em casos mais severos, perda auditiva. Nos Labradores, a otite externa é mais frequentemente observada, resultado de um conjunto de fatores anatômicos e ambientais. O canal auditivo canino é uma estrutura em formato de “L” que dificulta a drenagem natural, especialmente em raças como o Labrador, que possuem orelhas grandes, caídas (pavilhão auricular pendente) e revestidas por pelos, criando um ambiente propício à proliferação bacteriana e fúngica, além de favorecer o acúmulo de umidade.
Além do aspecto anatômico, o Labrador apresenta predisposição genética e comportamental para alergias e sensibilidades cutâneas que agravam a frequência das otites. Na prática clínica, o termo labrador otite caracteriza a otite que afeta esta raça com manifestação influenciada por suas particularidades imunológicas, anatômicas e ambientais.
Antes de compreender completamente a abordagem terapêutica, é indispensável conhecer as causas que geram a inflamação no ouvido dos Labradores. A otite é multifatorial e, na maioria das vezes, resulta da interação entre agentes predisponentes, primários, secundários e perpetuantes — conceito fundamental para a estratégia de manejo clínico eficiente.
O canal auditivo em “L” associado à conformação das orelhas grandes e pendentes recoletam umidade, cerúmen e detritos. A pelagem abundante no interior do conduto também dificulta a ventilação natural, proporcionando um ambiente úmido e quente, ideal para proliferação microbiana.
Os principais agentes causadores da otite em Labradores são:
O hábito de nadar e exposição frequente à umidade sem correta higienização incrementam a incidência e severidade das otites. Labradores adoram água, logo, tutores devem compreender o impacto desse hábito e conferir sempre a saúde auricular após os banhos ou passeios aquáticos.
Reconhecer precocemente os sinais clínicos de otite em Labradores é o primeiro passo para evitar complicações graves e sofrimento prolongado. Os cães costumam manifestar desconforto progressivo, e a observação atenta por parte do tutor pode acelerar o diagnóstico.
Nos casos mais graves ou prolongados, pode haver comprometimento do ouvido médio ou interno, manifestado por:
A presença desses sinais requer atendimento veterinário de urgência, reforçando a importância do diagnóstico precoce.
A avaliação diagnóstica de labrador otite deve ser sistemática, combinando exame físico detalhado e exames laboratoriais para identificar a causa específica da otite e possíveis patologias associadas, orientando um tratamento eficaz.
Fundamental para visualização direta do canal auditivo, detectando alterações como hiperemia, edema, presença de secreções, corpos estranhos e perfuração do tímpano. Deve ser realizado com equipamento adequado, preferencialmente por um veterinário experiente, para não causar mais trauma ao animal.
Coleta simples, mas essencial para identificar agentes infecciosos (bactérias, leveduras, ácaros) e o tipo de resposta inflamatória. A amostra é analisada ao microscópio, subsidiando a escolha do tratamento antimicrobiano correto e evitando uso inadequado de medicamentos.

Indispensáveis nos casos crônicos, recidivantes ou graves, onde a terapia empírica falhou. O antibiograma direciona a escolha do antimicrobiano mais eficaz, reduzindo riscos de resistência e efeitos adversos.
Radiografias ou tomografia computadorizada são indicadas quando há suspeita de otite média e interna, avaliando extensão da lesão e comprometimento ósseo ou cerebral.
Consideradas quando há suspeita de origem alérgica ou imunomediada, importantes para controle a longo prazo e prevenção de recidivas.
Ao suspeitar e confirmar diagnóstico de otite em Labrador, é imprescindível a intervenção veterinária imediata para iniciar terapia adequada, sempre considerando que a automedicação é perigosa e pode agravar o quadro.
Procedimento básico e fundamental no manejo da otite, realizado com soluções específicas indicadas pelo veterinário para remover detritos, cerúmen e secreções. Deve ser feito minuciosamente, porém com cuidado para não perfurar o tímpano e não causar irritação adicional.
Inclui o uso de antimicrobianos (antibióticos e antifúngicos) e anti-inflamatórios, prescritos conforme o agente etiológico e gravidade da inflamação. A escolha dos medicamentos e duração do tratamento dependem do resultado de culturas e citologias, reforçando a necessidade de acompanhamento profissional.
Em casos de otite média ou interna, ou quando há resistência à terapia tópica, medicamentos orais ou injetáveis podem ser indicados para melhor controle da infecção e inflamação.
Abordar alergias, tratar parasitoses, controlar doenças endócrinas e evitar exposição excessiva à umidade são medidas imprescindíveis para interromper o ciclo da otite crônica. Em muitos casos, nutricionistas veterinários e especialistas em dermatologia colaboram para manejo multidisciplinar.
Tutores devem evitar o uso de objetos pontiagudos, cotonetes e produtos não recomendados, pois podem agravar lesões ou promover infecções. A higienização correta deve ser realizada conforme orientações do veterinário, monitorando sempre a evolução.

Após episodios de otite ou em cães predispostos, a prevenção é a estratégia mais eficaz para minimizar sofrimento e evitar sequelas auditivas. O tutor desempenha papel crucial nessa fase.
Realizar o exame visual e toque nas orelhas semanalmente, observando sinais de vermelhidão, excesso de secreções ou odor. Higienizar com produtos veterinários específicos, recomendados na periodicidade indicada pelo profissional.
Evitar banhos e mergulhos frequentes sem após-próximo banho e secagem completa do canal auditivo. Em dias úmidos ou chuvosos, secar cuidadosamente as orelhas do Labrador.
Manter o controle rigoroso de condições alérgicas e metabólicas, pois são fatores de risco para recidiva da otite. Consultas regulares com o veterinário ajudam na adaptação dos tratamentos preventivos.
Cuidar para que crianças e demais familiares comprendam a importância de não introduzir objetos nas orelhas do cão e não estimular coceiras excessivas, que agravam a inflamação.
O prognóstico da labrador otite depende da precocidade do diagnóstico, do manejo adequado da causa e do comprometimento estrutural prévio. Otites externas consideradas no início geralmente respondem muito bem ao tratamento, com resolução completa e sem sequelas.
Por outro lado, otites crônicas e mal conduzidas podem levar a complicações sérias como:
A evolução crônica impacta negativamente na qualidade de vida do Labrador, causando sofrimento, alterações comportamentais e, em casos extremos, perda da audição ou necessidade de intervenção cirúrgica. Portanto, a abordagem precoce e disciplinada é o melhor caminho para manter o conforto e a saúde auditiva do seu pet.
A labrador otite é uma condição multifatorial que exige atenção constante do tutor e acompanhamento veterinário rigoroso. Para promover o bem-estar e evitar complicações graves, é fundamental:
Cuidar da saúde auricular do seu Labrador é garantir a qualidade de vida e o convívio harmonioso com toda a família. A atenção preventiva, aliada à ciência médica veterinária especializada, faz toda a diferença para evitar o sofrimento e preservar a audição do animal a longo prazo.